terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO


 

            São inúmeros os palpites sobre os motivos dos maus resultados da educação brasileira. Os principais referem-se à falta de dinheiro, a professores mal preparados e mal pagos, ao excesso de disciplinas, às instalações deterioradas.

            Espero que agora fique mais claro: a educação básica brasileira vai mal por falta de ideias para a construção de um currículo e por falta de planejamento.

            Nosso Plano Decenal de Educação, para entrar em vigor em primeiro de janeiro de 2011, é “aprovado” no final de 2013, após ser submetido a um grande debate que nada tem a ver com planejamento. Que concepção de planejamento têm nossos parlamentares e nossas “autoridades” educacionais?

            Na verdade, não há plano. Um plano de médio ou de longo prazo em qualquer campo social, precisa ter quatro partes muito claramente definidas: a. um levantamento dos grandes problemas e desafios da realidade, sem que isso se constitua num diagnóstico, permanecendo como a fala de um paciente dizendo ao médico o que ele sente; b. um referencial, isto quer dizer, um conjunto de ideias que deixem claro nosso querer e nossas fundamentações do que queremos, frente aos desafios levantados; em duas dimensões: que sociedade queremos ajudar a construir e como queremos que seja, idealmente, o nosso campo de ação (no caso, a educação e a escola); c. um diagnóstico, cientificamente construído, realizando uma comparação entre a prática e os resultados que estamos obtendo com o que definimos em nosso referencial, definindo, assim, as necessidades que aquele campo de ação tem, no momento; d. uma programação da prática para o tempo do plano, definindo ações, rotinas, atitudes e regras para aquele período, visando a transformar a realidade para torná-la mais próxima do ideal que para ela traçamos. Ora, este “plano” não tem nada disto, resumindo-se a um conjunto de desejos; ao terminar o tempo do plano farão uma avaliação e se alegrarão porque algumas das “metas” foram, em parte, “realizadas” e se desculparão pelo que não aconteceu. É como se um cidadão estabelecesse que, até 2020, tem a “meta” de ser milionário e nem tivesse ideia sobre o que vai fazer e como vai se comportar para que isto aconteça.

            Muitos caminhos se abrem para quem sabe para onde quer ir; não há saídas para quem se propõe caminhar sem rumo. Não há possibilidade de construir um currículo cheio de realidade e de vida, como muitos pedem, sem um conjunto de ideias que seja encantador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário