quinta-feira, 1 de abril de 2010

SALVEMOS AS PROFESSORAS E OS PROFESSORES!


      Há pesquisas dizendo que professores e professoras adquirem enfermidades diversas por causa de sua profissão. Além das doenças, há sofrimentos diários, muito fortes, que atacam a categoria. Por outro lado, todos sabemos que não podemos prescindir do professor, pois sua falta seria um grande desastre.
      Não há, quase, ações para trazer alegria e realização ao professor. Sabemos que profissionais sadios, capazes de superar o difícil cotidiano, são os que trabalham em algo de que gostem ou em algo que, para eles, seja importante.
      Mas o que professores fazem, no ensino básico, não tem significado maior. Peço ao prezado leitor e à distinta leitora que considerem o que vou dizer e, depois, concordem ou discordem, sem precipitação. Afinal, o momento exige profunda reflexão. Peço, também, que se distinga a educação infantil e as primeiras séries do ensino fundamental das séries finais deste ensino e as do ensino médio. As primeiras, em geral, são boas; as segundas é que trazem os problemas. A liberdade de conteúdo faz a vida brilhar; a prisão ao livro didático entorpece.
      Professoras e professores tem que “passar” conteúdos. Não me digam que são livres para escolhê-los porque isto não é verdade. Ora, estes conteúdos têm três deficiências que tiram o prazer de quem os passa e o de quem deveria retê-los. Vamos excluir destas três deficiências aquele pouco de conteúdo – observem, por favor, que nem são conteúdos, mas habilidades – que o ensino básico deve sempre proporcionar e que todos necessitamos: ler, escrever e dominar processos para resolver problemas.
      A primeira e mais importante deficiência dos conteúdos escolares é que são muito limitados. Referem-se a algumas disciplinas, sempre àquelas nas quais não se pode debater, muito menos tomar posição; nelas quase não se pode construir criatividade, participação, consciência critica, cidadania, ética e assim por diante.
      A segunda é que tais conteúdos não são aprendidos. Não é necessário argumentar a respeito. Das crianças que entram na escola apenas ao redor da metade conclui o ensino fundamental; muitas estudam oito anos e saem com escolaridade de terceira ou quarta série. Pessoas formadas na universidade não aceitam submeter-se a um exame completo de fim de oitava série porque sabem que serão reprovadas. O professor de Geografia não sabe Matemática; o de Matemática não sabe Português; o de Português não sabe História e... tudo bem!
      A terceira deficiência é que estes conteúdos para quase nada servem. Aquilo que seria importante, como ética, economia, política, meio-ambiente, saúde, sexualidade, religião, cidadania, arte e muitas outras coisas não terá espaço porque o que “cai” no vestibular tem preferência.
      Como poderá o professor manter-se sadio se o que faz não merece respeito?
      Para a realização do professor, é preciso que ele seja formado como um intelectual que compreenda, da melhor maneira possível, a natureza e a sociedade e que tenha uma firme hierarquia de valores; é preciso que receba uma turma de alunos com os quais vai passar o ano todo, ajudando-os a crescerem, a terem uma hierarquia de valores e um conhecimento importante sobre a natureza e sobre a cultura; é preciso que não faça isto com algumas disciplinas, mas trabalhando temas da natureza e da sociedade, a partir de um projeto político-pedagógico e da realidade concreta. Assim, será feliz e a escola cumprirá sua função.

Um comentário:

  1. Bahhh... perfeito!!! é exatamente isso que eu penso... Ninguém nos ensina sobre ética, respeito, valores, etc... a verdadeira educação sobre a vida, a gente aprende (quando aprende!) na rua, no dia-a-dia. Mal preparados estamos para lidar com o trabalho, com as relações sociais, com o que, realmente, precisamos saber como cidadãos capazes que somos de mudar o mundo.
    E coitados dos nossos professores, que ainda por cima, muitas vezes, têm que fazer papel de pai e/ou de mãe, pois a educação que deveria vir da familia, cada vez mais está deixada de lado.

    Abraços!

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