sábado, 27 de março de 2010

AINDA A PALESTRA NA UNIRIO

       Um dos pontos importantes sobre gestão que destaquei na minha palestra na UNIRIO, mas sobre o qual pouco falei porque o tempo era pequeno, foi mostrar que a administração pode - muitas vezes, deve - ser colegiada, mas não participativa.
       O mundo atual está ainda baseado nas ideias que foram desenvolvidas pelo capitalismo e que foram organizadas por vários textos; cito Fukuyama que forjou a síntese de que a "História acabou", isto é, que não haverá mais necessidade de novas transformações mais amplas, que todo o necessário agora é aperfeiçoar o que já temos. Com isto, não haveria mais necessidade de um planejamento político ou social, mas apenas de um planejamento administrativo que fizesse mais rentáveis todos os recursos disponíveis. Isto fez com que a participação - ponto de honra nas exigências de hoje - fosse concentrada no processo de gestão, inclusive com licença de tomar pequenas decisões, sobretudo dentro do seu setor, com os companheiros do trabalho. Os mais avançados criaram a expressão gestão participativa para mostrar possibilidades e encaminhar a ânsia de participação de que os ares estão cheios. Mas, neste caso, o que parece progresso é estancamento.
      Para os que estamos ocupados com entidades cujo primeiro fim não é ganhar dinheiro, mas contribuir na (re)construção da sociedade, como órgãos e setores governamentais, como escolas, sindicatos, igrejas, partidos políticos etc., para os que acreditamos que a sociedade pode crescer em justiça, liberdade, democracia, felicidade... a participação adquire outro significado, muito mais importante. Participar é construir em conjunto os rumos que nos servirão de horizonte, a avaliação da nossa prática e o fazer e o ser que vamos viver nos próximos tempos. Claro que a gestão continua necessária: a ela compete coordenar este processo participativo, providenciar a execução dos planos elaborados participativamente, velar pelos recursos e cuidar que a entidade funcione. Esta gestão, embora deva ser uma vivência apaixonada, é um trabalho técnico que deve ser exercido, se possível, colegiadamente, quer dizer, por uma equipe bem organizada. E ficaremos com uma gestão colegida e um processo de planejamento participativo. Esta precisão na linguagem trará clareza e mais força nos processos de construção do novo.

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