terça-feira, 18 de setembro de 2012

ESCOLA: O ESSENCIAL E O NECESSÁRIO


 
Obs.: No Rio Grande do Sul, a RBS, empresa de comunicação social desenvolve um projeto que abre jornais, rádios e tv para uma atenção maior aos problemas escolares. Penso, contudo, que o que está sendo veiculado (não sei por quê, não culpo nimguém por isto) não é adequado para transformar realmente a escola. 

            Minha disposição é de integrar-me de forma total nesta campanha da RBS “A Educação Precisa de Respostas” e contribuir, entusiasmado, para uma nova escola. Sinto isto como um dever de todos, especialmente de quem, como eu, trabalha no setor. No meu caso, há mais de 50 anos.

            Mas tenho que ficar preocupado com o rumo que sociedade, educadores e autoridades estão dando ao debate. Não posso, de fato, pedir mais investimentos, melhores condições de trabalho, professores bem formados, alunos atentos, pais presentes na escola. Nem devo, dentro do que seria mais próximo às minhas competências, trabalhar por novas metodologias, por avaliação mais adequada ou por planejamento com visão científica, participativa e estratégica.

            Não posso porque, sem mudar o essencial, alguns destes pontos são impossíveis e a implantação de outros não terá significado algum. Sou obrigado, pela consciência e pela teoria que a leitura e o trabalho foram construindo, a dizer que nada vai mudar de maneira importante sem construção de um novo conteúdo na escola.

            Sem interesse, nada se aprende. E exigir interesse pelas “coisas” que a escola “passa” é insano. A prova é que nós, adultos, não as sabemos. Houve tempo, no século dezenove e em parte do vinte, em que, com pouca gente na escola, com um currículo mais amplo e com poucas informações à disposição por outros meios, a escola precisava de professores que “passassem” um conteúdo tradicional, preestabelecido...

            Agora, é necessário caminhar para um ensino transdisciplinar. A prisão em algumas disciplinas é empobrecedora; remédios como conteúdos transversais não resolvem – trazem mais confusão – e o aumento de disciplinas é impossível.

No médio prazo (entre 5 a 10 anos), isto significa ter um professor único por turma de alunos; este professor deve estar preparado para orientar crianças e adolescentes na sua busca de compreender a natureza e a sociedade. Não se estudariam disciplinas, mas temas, aprofundando, conforme a idade dos alunos, aquilo que um ser humano necessita para estar integrado e participando na sociedade. No ensino fundamental, a prioridade seria o estudo da natureza, crescendo, a cada série, o da sociedade e o da cultura, até ser este predominante no ensino médio, onde já se daria mais escolha aos alunos, inclusive de disciplinas e, até, de profissionalização, sobretudo de cursos rápidos para imediata inserção no mercado.

No curto prazo (já, agora), é possível ir introduzindo o estudo de temas, através de projetos, mesmo que, ainda, os conteúdos das disciplinas fossem mantidos em parte. Cada professor pode vivenciar a transdisciplinaridade a partir de sua disciplina. Teríamos, só como exemplo, professores de Matemática ajudando os alunos a debaterem a questão do salário mínimo, do salário dos deputados, dos preços nos supermercados; professores de História ajudando os alunos a debaterem a questão da escravatura e suas influências nos dias de hoje; professores de Ciências ajudando os alunos a vivenciarem cultivos de vegetais, a descobrirem os valores de uma ida a Marte; professores de Português estudando jornais e revistas; professores até o quinto ano estudando os planetas, os mamíferos, os peixes...

 

 

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