Todos nós queremos
alguma mudança nas escolas de ensino fundamental e médio: sobre isto há uma
unanimidade que nos deveria fazer pensar. A pergunta fundamental agra deveria
ser: por que todos falam em mudança e o que se observa é uma repetição dos
mesmos processos e dos mesmos resultados? Einstein dizia que é insanidade fazer
as mesmas coisas e esperar resultados diferentes.
Existem mudanças que vou chamar de técnicas, em geral pontuais,
e outras que vou chamar de políticas, todas estas buscando alguma transformação
global. As primeiras relacionam-se com os meios, com fazer algo funcionar bem,
com a administração; as segundas dizem respeito aos fins, com definir o que se
quer alcançar. Faço uma comparação, um pouco lúgubre, mas importante para dizer
o que estou pensando. Se há um matador profissional, podemos discutir com ele
uma mudança técnica, ou seja, aperfeiçoar seus métodos de matar, ou uma mudança
política para debater se não seria mais conveniente ganhar a vida de outra
forma. Talvez mais apropriada seja a comparação com uma viagem de avião: um
grupo se organiza para fazer uma longa viagem de avião, mas ninguém deles
entende de aviação; então contratam uma empresa que cede o avião, os pilotos e
tudo o que mais se necessita; o destino da viagem fica nas mãos do grupo: é a
dimensão política; a parte técnica – diria, com razão, a parte administrativa -
fica com a empresa.
No que se refere à escola, a maioria das pessoas pensa que
basta aperfeiçoá-la. Pensam estas pessoas que melhorar tecnicamente é tudo o
que se necessita. Pensam que não é preciso debater os fins porque estes já
estão dados. Sem se darem conta da insensatez, pensam que “passar” estas poucas
matérias, preparar os alunos para o vestibular e impor uma disciplina de fora
para dentro é suficiente.
Ora, isto não resolve coisa alguma. A escola, em verdade,
reduziu sua missão primordial que é a de ser promotora da cultura; conformou-se
em passar um conjunto de conteúdos importantes para o século dezenove quando o
acesso às informações era precário, mas não importante hoje; além disto,
fixou-se em algumas disciplinas, desconhecendo olimpicamente toda a grandeza do
desenvolvimento do conhecimento, da tecnologia e dos conflitos do século XX e
XXI.
Uma grande mudança política faz-se necessária: recuperar
a grande missão da escola, que é a de imergir crianças e adolescentes na
cultura (costumes, crenças, conhecimentos, valores), provocando-os para uma
abertura crítica e uma integração com manutenção de uma visão pessoal e de uma
de seu pequeno grupo social.
Imagine que, nossa sociedade, motivada pelos ares da
liberdade, da democracia, da justiça social, resolvesse que a escola deveria
passar a ser vida, para a inserção e reconstrução igualitária na cultura –
dimensão política; como consequência, todo um conjunto da dimensão técnica deveria
ser transformado: currículo, avaliação, metodologias, relação entre as pessoas,
estruturas escolares, tudo deveria ser adaptado ao fim estabelecido. De fato, o
técnico, em qualquer prática humana precisa ser adequado ao político e não
vice-versa.
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