quinta-feira, 29 de abril de 2010

O GERENCIAMENTO DO ENSINO

Mandei este texto para possível publicação em Zero Hora. Não foi publicado. Revendo-o agora vejo que há alguns grãozinhos de boa ideia, mas que no todo não está bem construído. Assim mesmo, o que ele contém vale uma reflexão.
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Uma das grandes e boas bandeiras dos que querem mudar a escola, tornando-a mais eficiente, é de que ela necessita profissionalizar a gestão. As equipes diretivas devem participar de cursos de aperfeiçoamento e tornarem-se eficientes em administração.
Os estudos sobre administração nos ensinam que suas funções são bem determinadas e palpáveis, inclusive podendo ser quantificadas. Ensinam mais que elas são basicamente as seguintes: captar recursos e organizá-los para que a entidade funcione bem; organizar a ação das pessoas; elaborar planos administrativos e fazê-los cumprir; receber sugestões e implantá-las se estiverem dentro das estratégias da entidade; decidir rapidamente sobre os conflitos, buscando sempre manter a harmonia.

Esta visão administrativa do ensino baseia-se em dois pontos muito fortes e claros. O primeiro, de que o rumo está dado, isto é, os fins são claros e fixos, bastando, portanto atuar sobre os meios, ou seja, definir os caminhos. A maioria dos professores deseja, até, que os processos escolares sejam decididos centralmente para que todos façam a mesma coisa; o livro didático está suprindo este desejo. O segundo, de que, para haver disciplina, unidade e bom desempenho, dever-se-á ter um diretor ou uma diretora carismático(a) que tome as decisões sob a luz dos princípios administrativos. Sentem falta os educadores e, sobretudo, os pais e a comunidade daqueles tempos em que tudo estava totalmente regulamentado. Embora a ação autoritária ou paternalista do diretor não suprima o desconforto gerado pela contínua “liberação” das leis, ela pode permitir alguma tranquilidade.
Mas falta coordenar isto com duas das maiores conquistas do pensamento pedagógico nos últimos tempos: a de que, para ser educador, é necessário pensar e tomar posição (trabalhar com projeto político-pedagógico) e a de que a participação de todos é fundamental para a construção de bons processos escolares. Muita gente até pensa que estas duas conquistas já estão consolidadas e que são moeda corrente nas escolas, o que ainda não é verdade.
Professores e sociedade precisam compreender com profundidade que a escola não tem claros seus rumos porque está numa sociedade conflitiva. Como a escola é, sempre, um reflexo da sociedade na qual está inserida, precisamos construir a clareza de como a escola pode influenciar na reconstrução contínua desta mesma sociedade. Ou, dizendo de outra maneira, definir por qual hierarquia de valores a escola deve lutar. Sem esquecer de que tal hierarquia de valores deve ser tal que sua vivência possa melhorar a sociedade e que, ao mesmo tempo, seja construída a partir dos valores sociais existentes para que não seja imediatamente renegada.
O segundo ponto é que tudo isto seja construído participativamente já que os participantes desta grande aventura da vida são responsáveis em conjunto por aquilo que vivem e que vão viver no futuro.

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