domingo, 11 de abril de 2010

PALESTRAS EM VENÂNCIO AIRES E EM TAQUARI

     Estive em Venâncio Aires no dia 09 deste mês de abril e em Taquari no dia 10. São duas cidades próximas, situadas no Rio Grande do Sul, um dos estados (províncias, departamentos) do Brasil.
     Na sexta de noite falei aos pais dos alunos do ensino fundamental do Colégio Oliveira, em Venâncio. Estavam presentes também professores da Escola, mas a fala era dirigida aos pais. Insisti em três ideias: -- a de que "é necessária uma aldeia inteira para educar uma criança" - provérbio africano - ligada a de que o mundo de hoje - aldeia global - é bem diferente daquele que "educava" na primeira metade do século vinte; assim, fica mais importante, hoje, a ação das instituições, a começar pela família, na educação das crianças e dos adolescentes; além de tudo a escola e, algumas vezes, as igrejas não podem ser muito melhores do que a sociedade na qual estão; sem tomar cuidados especiais e sem ter um planejamento rigoroso, elas  reproduzem a sociedade, sem se dar conta e pensando que estão realizando o melhor trabalho do mundo;   -- a de que são necessárias duas condições para ajudar as crianças e os adolescentes a se educarem: a de amá-los sem restrições, o que não significa viver em salamaleques e doçurinhas ( significa: estou contigo e não abro) e deixar clara sempre qual é a hierarquia de valores que se tem; -- algumas consquências desta posição, sobretudo ter sempre amor e firmeza, distinguir o que é contrário à etica daquilo que não quero porque não gosto, não criticar os filhos com amargura, esperar deles sempre o melhor...
     No dia seguinte, sábado pela manhã, trabalhei com professoras e professores de Taquari, tanto do Município como do Estado. Estiveram presentes o senhor Prefeito e a senhora Secretária de Educação do Município. Estavam presentes - me disseram - mais do que 400 pessoas. O cerne de minha palestra foi o "educar-se". Partimos da frase de Paulo Freire de que ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, todos nos educamos no relacionamento entre nós, mediatizados pelo mundo (natureza e sociedade com sua cultura). Tratei o tema aproximadamente com o material que postei neste blog no dia 19 de março passado que era dia em que se festejava São José, um dos santos pelos quais tenho especial carinho.
     Como tínhamos mais tempo, pensamos um pouco sobre mudanças necessárias no ensino básico como consequência do que aceitávamos em virtude do que havíamos trabalhado antes do intervalo para um refrigerante e para as conhecidas "bolachas pedagógicas": nos conteúdos, escolhendo-os melhor; na avaliação, aumentando a importância da avaliação diagnósico para ver como se vai alcançando o que se pretende e diminuindo o valor que se dá à nota; na metodologia, diminuindo a fala do professor e aumentando o trabalho dos alunos; nas matérias, tentando ser cada vez mais transdisciplinar.
     Foram dois momentos de grande alegria e realização.

Um comentário:

  1. Olá, professor Gandin!

    Sou a professora Luzia, aquela que conversou com você no intervalo e no final da palestra em Taquari, no último dia 10.
    Poderia me mandar o endereço do blog, pois do jeito que anotei, não consegui abri-lo.
    Li alguma coisa que vc postou pq achei no google (aviso que, tbm não sou esperta nessa área).
    Uma coisa que faltou onde li, e foi tratado aqui, por ser indispensável para a qualificação profissional, foi abordar a questão do grupo. "Ninguém se educa sozinho...".
    A proposta de ação, naquele momento, poderia ser mais instigada, para que dali, já saísse um comprometimento. Precisamos, de alguma forma, fazer com que haja esse engajamento.
    Eu já estou aposentada, mas não deixei de aprender.Eu já estou aposentada, mas não deixei de aprender. Atuo muito no CPERS/Sindicato - sou diretora do 8º Núcleo, com sede em Estrela (60km daqui de Taquari).
    Por alguma razão estive na Secretaria de Educação e, por acaso, fiquei sabendo de sua palestra; logo solicitei que fosse ampliada a oportunidade para professores das escolas estaduais, pois não se justificava um pensador do seu porte estar em Taquari e apenas alguns poderem desfrutar. Logo foi aceita a ideia e liguei para as direções, que aprovaram e muitos professores atenderam ao convite como você viu.
    Outra coisa que gostaria de compartilhar com vc: "Se não podemos mudar muito a escola, nem a sociedade", qual a saída que vc vê, para que tenhamos mais conhecimento, para que haja mais justiça social? Compartilho de sua ideia de que não é uma questão de culpa, mas, sem dúvida, é uma questão de responsabilidade. Por isso, na situação em que nos encontramos, falar de nota, conceito, parecer descritivo (mesmo que compartilhe de sua ideia sobre isso), é, talvez, secundário, pois se há o entendimento do processo de aprender, do que seja avaliar, a forma de expressar deixa de ser o mais importante. O que primeiramente precisa ser "atacado" é esse entendimento. "Sou professor (a)! Meu (minha) aluno (a) tem que aprender! Eu tenho que ensinar! Como é que isso acontece? Como se dá esse processo? Como vou saber o que é relevante, dentre tantas coisas a aprender? Todos os(as) alunos(as) aprendem do mesmo jeito? Como trabalhar com essa diversidade? Há conteúdos que necessariamente devem ser trabalhados? A questão maior é "quais" ou "como"? Também: Qdo? Pra quem? Onde? Por quê?
    Meu Deus! Perdoa, estou querendo uma, quer dizer, várias palestras.... É que sou assim mesmo...
    Outra ideia: (talvez até já tenha escrito sobre isso: os dois aspectos fundamentais para educar: AMOR/FIRMEZA
    Já tem algo escrito obre os desdobramentos desse AMOR e dessa FIRMEZA? Em caso afirmativo, poderia me indicar onde leio?
    E, por favor não esqueça, da ideia que lhe dei do final, qdo puder criar seus "decretos": Professor precisa tempo pra estudar e preparar bem suas aulas. Caso contrário estaremos falando mais que ouvindo, respondendo mais que perguntando, aluno(a) ouvindo respostas em detrimento de perguntar...
    Gostaria de saber sua opinião tbm sobre avaliação externa, meritocracia... (Escreveu alguma coisa sobre esse assunto? Onde?

    Obrigada pela atenção

    Luzia Herrmann - Taquari

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