sexta-feira, 4 de junho de 2010

A CARAVANA

Estarei indo daqui a pouco para Progresso. Amanhã terei aula com um grupo de pós-graduação. Vou usar o texto abaixo para começar o trabalho. Vale a reflexão.

A CARAVANA
O essencial da caravana tu o descobres quando ela se rala e se consome. (...) se o precipício se opõe à sua marcha, ela o contorna; se um rochedo se ergue diante dela, evita-o;se a areia é fina demais, põe-se à procura de uma areia resistente. Mas,de qualquer maneira, insiste sempre na mesma direção. Se o sal de uma salina range debaixo do peso da carga que transporta, tu a vês agitar-se, desatolar os animais, sondar o terreno até encontrar uma camada sólida, mas eis que mais uma vez volta a entrar na ordem e se orienta na primitiva direção.
Se uma cavalgadura se vai abaixo, fazem alto, apanham os baús arrombados (...) e depois voltam a tomar o mesmo caminho.
Uma vez por outra, morre o que fazia as vezes de guia. Juntam-se à volta dele. Enterram-no na areia. Disputam uns com os outros. Depois empurram um outro para o lugar de condutor e orientam-se mais uma vez pelo mesmo astro.
A caravana move-se, assim, necessariamente numa direção que a domina; é uma pedra pesada num declive invisível.
SAINT-ÉXUPERY, Aintoine de. “Cidadela”, São Paulo, Ed.Quadrante, p.6

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