ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HOMENAGEM E REFLEXÃO
Estava eu
cuidando de minha horta. Não plantava nem colhia; não regava nem punha mais
terra; apenas olhava, removia algum inço quase invisível e me alegrava porque
as plantinhas cresciam.
Alguém interrompeu meu trabalho porque o telefone me
chamava. Eram minhas amigas da direção colegiada da Associação dos Orientadores
Educacionais do Rio Grande do Sul. Queriam uma
data para um debate, com um grupo de orientadoras e orientadores, sobre a
situação e as perspectivas da profissão no Brasil. Falaram, também, do “dia do
orientador” em dezembro.
Enquanto acertava detalhes, continuei olhando minhas
plantas. Era tempo de berinjelas e pepinos no calor do Rio Grande do Sul. Mas
havia couves, rúculas, alfaces, moranguinhos, tomates, pimentões... Notei que
amava tudo aquilo, que as plantas e, sobretudo, minha horta, depois da
educação, eram parte de minha vida profissional.
Cheguei ao fim da conversa e vi que perdera alguns
pormenores. Mas sabia muito mais sobre Orientação Educacional: quão necessário ela
é na escola de hoje; qual deve ser sua missão; quais precisam ser seus rumos
indispensáveis.
Primeiro. As
crianças da escola de hoje são em números enormes. A bênção da democratização
do ingresso na escola chegou de verdade, mas, com isto, os professores já não
conseguem ver as crianças, pois tiveram (espero que passageiramente) que se conformar
em ser passadores de matéria. Ora, plantas e crianças só crescem se alguém as
olha. Isto determina a necessidade do orientador: neste tempo em que a escola
se reorienta, olhar as crianças e ajudar toda a escola, especialmente os
professores, a olhá-las. Assim como eu que, aparentemente, nada fazia, o
orientador precisa endereçar seu olhar de carinho sobre a escola; mais do que
olhar: apaixonar-se e ajudar a todos a se enxergarem.
Segundo. O orientador aí está para preencher os furos que
a escola vai deixando. Os alunos são chamados a trazerem seus cérebros,
deixando fora suas questões vitais; a escola pede que deixem seu corpo longe
das aulas; para serem como computadores que tudo registram e que tudo devolvem
ao se apertar um botão, devem desligar-se da vida e ligar-se num saber
duvidoso. Daí surge a missão do orientador: manter a escola ligada à vida, pelo
menos em parte. Isto significa, sobretudo, ajudar a manter a escola ligada a
uma hierarquia de valores, da qual se fale e na qual se viva.
Terceiro. Assim, a orientação educacional é chamada a
duas práticas absolutamente necessárias: amar e demonstrar firmeza sobre suas
convicções. É tarefa de todo educador, mas, neste momento, isto é fundamental
na liderança do orientador. Provavelmente os elementos suficientes e
necessários para o educar-se – construir-se como pessoa – no relacionamento da
criança com o adulto, são que este ame sem restrições – estou contigo e não
abro, aconteça o que acontecer – e que mostre, sempre, clareza e precisão na
sua hierarquia de valores – você deve organizar suas crenças: veja como
organizei as minhas. A criança educa-se, sem que nada se fale a respeito,
quando sente que alguém está com ela e quando pode confrontar seus desejos,
seus valores com outras hierarquias, tanto para aderir, como para buscar coisas
novas.
Oi Querido Prof. Li o texto, lamento que não tenham publicado. Contudo, entrei aqui para avisá-lo de que sua orelha vai esquentar entre 19 e 20 horas do dia de hoje. É quando estarei apresentando minha monografia para uma banca examinadora, aqui em Araranguá.Vou fazer muita questão de que leia o que escrevi sobre o seu trabalho e espero que possamos conversar pessoalmente sobre isso.
ResponderExcluirBeijos
Nilza
14.12.2012
E como é bom viver tudo isso na prática. Parabéns e obrigado pelas belas palavras professor Danilo.
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