quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HOMENAGEM E REFLEXÃO

Enviei este texto a um jornal, para ser publicado no dia 04 de dezembro, dia do orientador educacional. Pois não publicaram. Deixo-o aqui para quem se interessar.

 
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: HOMENAGEM E REFLEXÃO

Estava eu cuidando de minha horta. Não plantava nem colhia; não regava nem punha mais terra; apenas olhava, removia algum inço quase invisível e me alegrava porque as plantinhas cresciam.

            Alguém interrompeu meu trabalho porque o telefone me chamava. Eram minhas amigas da direção colegiada da Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul. Queriam         uma data para um debate, com um grupo de orientadoras e orientadores, sobre a situação e as perspectivas da profissão no Brasil. Falaram, também, do “dia do orientador” em dezembro.

            Enquanto acertava detalhes, continuei olhando minhas plantas. Era tempo de berinjelas e pepinos no calor do Rio Grande do Sul. Mas havia couves, rúculas, alfaces, moranguinhos, tomates, pimentões... Notei que amava tudo aquilo, que as plantas e, sobretudo, minha horta, depois da educação, eram parte de minha vida profissional.

            Cheguei ao fim da conversa e vi que perdera alguns pormenores. Mas sabia muito mais sobre Orientação Educacional: quão necessário ela é na escola de hoje; qual deve ser sua missão; quais precisam ser seus rumos indispensáveis.

Primeiro. As crianças da escola de hoje são em números enormes. A bênção da democratização do ingresso na escola chegou de verdade, mas, com isto, os professores já não conseguem ver as crianças, pois tiveram (espero que passageiramente) que se conformar em ser passadores de matéria. Ora, plantas e crianças só crescem se alguém as olha. Isto determina a necessidade do orientador: neste tempo em que a escola se reorienta, olhar as crianças e ajudar toda a escola, especialmente os professores, a olhá-las. Assim como eu que, aparentemente, nada fazia, o orientador precisa endereçar seu olhar de carinho sobre a escola; mais do que olhar: apaixonar-se e ajudar a todos a se enxergarem.

            Segundo. O orientador aí está para preencher os furos que a escola vai deixando. Os alunos são chamados a trazerem seus cérebros, deixando fora suas questões vitais; a escola pede que deixem seu corpo longe das aulas; para serem como computadores que tudo registram e que tudo devolvem ao se apertar um botão, devem desligar-se da vida e ligar-se num saber duvidoso. Daí surge a missão do orientador: manter a escola ligada à vida, pelo menos em parte. Isto significa, sobretudo, ajudar a manter a escola ligada a uma hierarquia de valores, da qual se fale e na qual se viva.

            Terceiro. Assim, a orientação educacional é chamada a duas práticas absolutamente necessárias: amar e demonstrar firmeza sobre suas convicções. É tarefa de todo educador, mas, neste momento, isto é fundamental na liderança do orientador. Provavelmente os elementos suficientes e necessários para o educar-se – construir-se como pessoa – no relacionamento da criança com o adulto, são que este ame sem restrições – estou contigo e não abro, aconteça o que acontecer – e que mostre, sempre, clareza e precisão na sua hierarquia de valores – você deve organizar suas crenças: veja como organizei as minhas. A criança educa-se, sem que nada se fale a respeito, quando sente que alguém está com ela e quando pode confrontar seus desejos, seus valores com outras hierarquias, tanto para aderir, como para buscar coisas novas.

2 comentários:

  1. Nilza Aparecida Vioteli Jakymiu14 dezembro, 2012 09:21

    Oi Querido Prof. Li o texto, lamento que não tenham publicado. Contudo, entrei aqui para avisá-lo de que sua orelha vai esquentar entre 19 e 20 horas do dia de hoje. É quando estarei apresentando minha monografia para uma banca examinadora, aqui em Araranguá.Vou fazer muita questão de que leia o que escrevi sobre o seu trabalho e espero que possamos conversar pessoalmente sobre isso.

    Beijos
    Nilza

    14.12.2012

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  2. E como é bom viver tudo isso na prática. Parabéns e obrigado pelas belas palavras professor Danilo.

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