domingo, 28 de abril de 2013

AVALIAÇÃO DE ALUNOS


AVALIAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: CONFUSÃO NO RIO GRANDE DO SUL


O que se deve avaliar no desempenho dos alunos do ensino básico depende da concepção de mundo e de sociedade que se professa e, como consequência, do que se pensa ser a educação ideal. De fato, o processo educativo se desenrola para a inserção das novas gerações na “cultura” de uma sociedade determinada.
São possíveis, hoje, duas grandes tendências educacionais que já estão aí se digladiando: uma que consagra as poucas disciplinas que hoje se praticam, até com professores que tentam especializar adolescentes, e outra que é mais aberta e propugna por uma escola que trabalhe conhecimentos, habilidades e valores de modo transdisciplinar.
No debate que hoje se trava sobre o tema, entre a secretaria de educação do Estado e o CPERS, parece que cada instituição está numa linha. Mas o que predomina é a confusão. E, como disse Francis Bacon, ainda lá no século dezessete, “A verdade surge mais facilmente do erro do que da confusão”.
O pensamento tradicional usa o processo educativo para plasmar corpos e mentes. Seus promotores acreditam numa sociedade linear e controlável; a escola, muito mais do que ensinar, tem que ajudar a domesticar as crianças e os adolescentes, para que se adaptem aos desejos das instituições e ajam dentro de padrões definidos de antemão.
O pensamento divergente propõe escolas que organizem seu modo de pensar e de agir, que definam seu conteúdo de forma transdisciplinar, deixando abertas possibilidades mil de crescimento e de domínio teórico do mundo que recebemos pela natureza e daquele que construímos pela cultura.
Vivemos um momento de crise; as velhas ideias sucumbiram e nada mais podem dar e as novas não mostraram ainda sua força e vitalidade, exatamente porque a estrutura escolar não permite sair de um modelo traçado para o século dezenove. A confusão se instala porque estamos querendo remendar uma roupa velha com panos novos.
A avaliação sempre será um processo de ver até que ponto os resultados desejáveis aparecem. Se uma sociedade quer que seus novos participantes façam exercícios de raiz quadrada, saibam a diferença da vogal e da semivogal, saibam enumerar todos os ossos de um corpo, sejam capazes de falar sobre logaritmos, sobre números negativos etc. etc., que dominem livros didáticos, que sejam humildes e concordem sempre, devem, as escolas, reprovar os que não demonstrarem possuir tais “competências” – que eu obtenha o perdão por usar aqui tal palavra.
Se, porém, a sociedade quer que as crianças e os adolescentes caminhem para a cidadania, para a responsabilidade, para a autonomia para a consciência crítica... e quer que eles dominem conhecimentos, desenvolvam habilidades e vivam valores que os ajudem a firmar sua identidade e sua capacidade de participar utilmente na sociedade, então as escolas devem avaliar até que ponto isto acontece.
É claro que, para um ou outro caso, será necessário organizar escolas adequadas, capazes de servir a uma ou outra finalidade.

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